quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Recordações.

Melancolia. Esse estranho sentimento apodera-se de mim com todas as suas forças. Dispara sobre mim um dardo envenenado ao qual não consigo fugir e acabo por me deixar possuir. Fico envolto em si. Pelas suas sombras e incertezas. Essa atroz nuvem descarrega sobre mim toda a sua água e afoga-me nas suas cheias homicidas. E que é feito de mim? Não sou senão seu servo, preso nos claustros do templo melancólico.
- Quero sair, deixem-me sair!
- Não! Lá fora há trevas, escondidas, à espera que saias para se lançarem sobre ti. Aqui estás seguro.
E sou invadido pela saudade que me atinge como que um punhal gelado, que eu sinto até osso. Sou um simples homem, embriagado por sentimentos desumanos. Não consigo pará-los. Todas as portas são apenas miragens. Todas as saídas insistem em alastrar-se e a multiplicar-se, embora tu não as consigas sequer ver. E eu? Eu continuo a querer sair, em vão.

15 comentários:

piolhus disse...

devo dizer que escreves maravilhosamente bem, manel pirilau. aproveito também para dizer que ainda hoje em português dei as recordações do nãoseidasquantas, e o teu título é 'recordações', grande ironia.
*

marta filipa disse...

tu gostas é de ir ao meu blog comentar sobre a música.

ainda não li, daqui a pouco, prometo.

marta filipa disse...

oh, hoje estou numa de recordar músicas já muito ouvidas, e obviamente, já tiveram o seu lugar em posts antigos (:

marta filipa disse...

há sim. oh, há sim :)

marta filipa disse...

(eu já li, mas não me apeteceu entender, depois volto a ler, prometo)

Pepper disse...

Gostei muito. É capaz de ser dos mais profundos que aqui tens, para mim.
Dá ideia de liberdade com todas as suas condicionantes: desejo de liberdade - contrapôr - medo e insegurança (defeito/consequência)em que o desejo ganha, pelo menos ainda em forma de desejo e não em realização.

Depois claro que tem aquele toque que os teus textos costumam ter (maioritariamente falando, apartir dos poucos que li), em que nunca se sabe o assunto concreto de que se trata. Mas sempre com uma presença muito lírica!

marta filipa disse...

tens uma boa memória, manuel.
explica lá, então.

marta filipa disse...

esta cena das saudades é lixada.
(voltei a ler.)

marta filipa disse...

por outro lado, também é uma coisa boa porque blá blá blá.

marta filipa disse...

é verdade.

marta filipa disse...

acho que toda a gente sabe, meu caro.

marta filipa disse...

pois, também, talvez.
eu sei, infelizmente.

marta filipa disse...

mais uma vez:
eu sei, infelizmente.

T disse...

Nada que agradecer. Andava para aqui a ver de blogs e a tua escrita chamou-me suficientemente a atenção para querer seguir mais de perto.

Continua assim, um abraço.

Cath disse...

Oh, muito obrigado, Manelinho. :) Conheces aquele lugar?
E mais uma vez devo dizer que me deliciei com a tua escrita genial, que devoro palavrinha a palavrinha. É um crime deixares este blog sem um pouco disso durante tanto tempo, sabes? ;)